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De principal entroncamento ferroviário do país ao abandono: descaso com linhas férreas é problema antigo e sem solução em Bauru

De principal entroncamento ferroviário do país ao abandono: descaso com linhas férreas é problema antigo e sem solução em Bauru


Cidade do interior de SP já teve um dos maiores entroncamentos ferroviários do Brasil, recebendo trens das três grandes companhias do país. Moradores reclamam da falta de cuidado com a estação e a malha ferroviária. Cenário de abandono do sistema ferroviário é problema antigo e sem solução em Bauru
O abandono da malha ferroviária de Bauru (SP) não é recente, mas segue sem solução. A cidade, que um dia foi considerada o principal entroncamento ferroviário do país, agora acumula promessas não cumpridas e trilhos sem função.
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Trilhos tomados pelo mato, estruturas corroídas pelo tempo e silos vazios constroem o cenário que antes significava progresso.
Bauru já teve ligação direta com São Paulo, Mato Grosso do Sul e o Porto de Santos, recebendo três grandes companhias ferroviárias: Sorocabana, Noroeste do Brasil e Companhia Paulista.
Atualmente, o transporte ferroviário na cidade é praticamente inexiste
Reprodução/TV TEM
Mas essa história começou a mudar a partir dos anos de 1990, com a desativação gradual das linhas e a perda de investimentos no setor. Atualmente, o transporte ferroviário na cidade é praticamente inexiste.
Osni Bueno, conferente no armazém Silo da Ceagesp há 50 anos, acompanhou de perto o auge e o declínio do setor. “Eu pesava os caminhões, recebia os vagões, pesava os vagões e entregava. Conferia as mercadorias e entregava, classificava e entregava as mercadorias”, conta.
Osni Bueno trabalha há 50 anos no armazém Silo da Ceagesp e lembra do tempo em que os trens movimentavam a rotina
Reprodução/TV TEM
Segundo a técnica administrativa Cezira Viotto, que trabalha no local desde 1987, os impactos foram sentidos principalmente a partir da década de 1990. Nos dias atuais, todo o transporte é feito por caminhões.
“A ferrovia, o custo é muito mais baixo. Saía antigamente seis vagões para mais ou menos 400 toneladas de produtos. Enquanto um caminhão hoje, por exemplo, leva 100 toneladas. Então, é um custo mais baixo, sem pedágio, muito mais seguro”, destaca.
Abandono das ferrovias em Bauru vem de longa data e segue sem solução
Reprodução/TV TEM
Identidade em risco
Douglas Alves, historiador, explica que o impacto não é apenas estrutural
Reprodução/TV TEM
O historiador Douglas Alves explica que o impacto não é apenas estrutural ou econômico, mas também simbólico. A identidade de Bauru como cidade ferroviária desaparece aos poucos.
“A cidade chegou a ter entre 5 mil e 6 mil trabalhadores nas ferrovias. Esse saber, essa cultura, está sumindo com o tempo”, alerta Douglas.
Ele defende a preservação da memória ferroviária, incluindo documentos, imagens, equipamentos e os próprios relatos de ex-ferroviários.
Trilhos são tomados pelo mato e estruturas são corroídas pelo tempo
Reprodução/TV TEM
Obras prometidas
A Rumo, companhia ferroviária, informou em nota que as obras para a reativação do ramal Bauru Panorama começaram em julho de 2024 e devem ser concluídas em 2028.
Em relação à Malha Oeste, a concessionária diz que realiza manutenções periódicas e estuda uma solução junto ao governo federal.
Já a Prefeitura de Bauru informou que já pediu um estudo para analisar a implantação de um VLT – uma composição ferroviária com trilhos de superfície que precisa de energia elétrica -, com linhas para o transporte municipal. Também foi dito que o assunto está sendo discutido com o governo do estado.
Prefeitura de Bauru informou que já pediu um estudo para analisar a implantação de um VLT
Reprodução/TV TEM
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