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6 horas ago
Hackers chineses e erros de usuários acendem alerta de crise de segurança cibernética nos EUA | Tecnologia
Grupos ligados a serviços de inteligência da China têm mirado os celulares de membros de áreas estratégicas da Casa Branca. Invasão sofisticada de aparelhos acontece mesmo sem que usuários acessem links. Investigadores de segurança cibernética dos Estados Unidos identificaram uma falha de software incomum que afetou um número limitado de smartphones. Os aparelhos pertenciam a pessoas que atuam no governo americano, na política, no setor de tecnologia e no jornalismo.
As falhas, detectadas pela primeira vez no final do ano passado e ainda presentes em 2025, chamaram atenção por permitir a invasão de celulares sem que os usuários precisassem clicar em links e foram o primeiro indício de um ataque cibernético sofisticado.
📱 Hackers estrangeiros têm explorado cada vez mais smartphones e aplicativos como pontos vulneráveis na cibersegurança dos EUA. Grupos ligados aos serviços de inteligência da China têm mirado os celulares de americanos e se infiltrado em redes de telecomunicação, segundo especialistas do setor.
Até o momento, os responsáveis pelas invasões não foram identificados.
Investigadores da empresa de segurança cibernética iVerify notaram que todas as vítimas tinham algo em comum: atuavam em áreas de interesse do governo chinês e já haviam sido alvo de hackers chineses no passado.
Para esses analistas, isso mostra o quão vulneráveis são os dispositivos móveis e os aplicativos.
“O mundo está vivendo uma crise de segurança móvel agora”, disse Rocky Cole, ex-especialista em cibersegurança da Agência de Segurança Nacional (NSA) e do Google, atual diretor de operações da iVerify.
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Kiichiro Sato/AP
Troca de acusações
As autoridades americanas alertaram, em dezembro, para uma campanha de hackers chineses para acessar mensagens de texto e conversas telefônicas de um número indeterminado de cidadãos americanos.
Os hackers chineses também tentaram acessar os celulares usados por Donald Trump e seu vice na chapa de 2024, JD Vance.
Pequim nega as acusações de ciberespionagem e acusa os EUA de conduzirem suas próprias operações cibernéticas. Segundo o governo chinês, a justificativa de segurança nacional é usada para aplicar sanções a organizações chinesas e excluir empresas de tecnologia do país do mercado global.
“Os EUA têm usado há muito tempo todos os tipos de métodos desprezíveis para roubar segredos de outros países”, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
Agências de inteligência dos EUA afirmam que a China representa uma ameaça significativa e persistente aos interesses econômicos e políticos americanos. Propaganda online, desinformação e espionagem são algumas das ferramentas usadas para obter vantagem em caso de conflito militar.
📶 As redes móveis são uma das principais preocupações. Os EUA e aliados proibiram empresas de telecomunicação chinesas em suas redes.
Apesar disso, empresas chinesas ainda fazem parte da infraestrutura de telecomunicações em diversos países, o que, segundo especialistas, oferece à China uma presença estratégica passível de exploração em ciberataques.
“O povo americano merece saber se Pequim está silenciosamente usando empresas estatais para infiltrar nossa infraestrutura crítica”, disse o deputado John Moolenaar, presidente do comitê sobre a China que em abril emitiu intimações a empresas de telecomunicações chinesas em busca de informações sobre suas operações nos EUA.
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Tesouro de informações
Hoje, dispositivos móveis são capazes de comprar ações, lançar drones e controlar usinas de energia. Mas a popularização dos aparelhos superou o ritmo dos avanços em segurança digital.
Celulares usados por autoridades de alto escalão são especialmente valiosos, já que contêm informações sensíveis do governo, senhas e uma visão privilegiada de discussões e decisões políticas.
👤 Na semana passada, a Casa Branca informou que uma pessoa se passou por Susie Wiles, chefe de campanha de Trump, para entrar em contato com governadores, senadores e empresários por meio de ligações e mensagens de texto.
Ainda não está claro como a pessoa obteve os contatos de Wiles, mas aparentemente acessou a agenda de seu celular pessoal, segundo o “Wall Street Journal”. As mensagens e ligações não partiram do número de Wiles, segundo o jornal.
Mesmo com a segurança avançada de smartphones e tablets, outros dispositivos conectados, como eletrodomésticos, câmeras e pulseiras fitness, muitas vezes não recebem atualizações ou não seguem os mesmos padrões de proteção. Isso os torna alvos fáceis para hackers, que podem invadir redes, roubar dados ou instalar malwares.
Para tentar enfrentar o problema, o governo dos EUA lançou neste ano um programa para criar um “selo de confiança cibernética” para aparelhos que atendam a requisitos de segurança.
Precauções
🛜 De nada adianta um dispositivo móvel seguro se o usuário não adotar precauções básicas, ainda mais quando o aparelho contém dados confidenciais, alertam especialistas em segurança.
Mike Waltz, que atuou como conselheiro de segurança nacional de Trump, adicionou por engano o editor-chefe da revista “The Atlantic” a um grupo no Signal usado para discutir planos militares com outros altos funcionários.
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Outro caso citado é o do secretário de Defesa Pete Hegseth, que mantinha uma conexão de internet que burlava os protocolos de segurança do Pentágono para poder usar o Signal em um computador pessoal, segundo a AP. Hegseth negou ter compartilhado dados sigilosos no aplicativo.
China e outros países continuarão tentando explorar falhas desse tipo, e autoridades de segurança nacional devem tomar medidas para impedir que esses erros se repitam, disse Michael Williams, especialista em segurança da Universidade de Syracuse.
“Todos eles têm acesso a uma variedade de plataformas de comunicação seguras”, afirmou Williams. “Simplesmente não podemos sair compartilhando coisas de qualquer jeito.”
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