Pop & Arte
7 horas ago
Tributo a Cazuza no Prêmio da Música Brasileira em 2026 é a boa nova que coroa a eternidade da vida do poeta | Blog do Mauro Ferreira
Cazuza (1958 – 1990) é o homenageado da 33ª edição do Prêmio da Música Brasileira, prevista para meados de 2026
Reprodução / Instagram
♫ ANÁLISE
♬ A sentença mais clichê referente a Cazuza, a de que o poeta está vivo, tem se confirmado ao longo deste ano de 2025 com a inauguração da exposição Cazuza – Exagerado – em cartaz no Rio de Janeiro (RJ), cidade natal do artista – e com a estreia nos cinemas, prevista para 17 de julho, do documentário Cazuza – Boas novas, filme de Nilo Romero.
A certeza da eternidade de Cazuza se aviva com a noticia de que Agenor de Miranda Araújo Neto (4 de abril de 1958 – 7 de julho de 1990) é o homenageado da 33ª edição do Prêmio da Música Brasileira, programada para meados de 2026. Após celebrar a dupla Chitãozinho & Xororó, na primeira incursão pelo território sertanejo feita pela premiação idealizada pelo empresário José Maurício Machline em 1987, o PMB celebra o transcendental pop rock de Cazuza.
Cantor e compositor carioca revelado em 1982 como vocalista da banda Barão Vermelho, Cazuza marcou a música brasileira ao longo dos anos 1980 com obra incisiva. Transcendendo o universo do rock, a obra de Cazuza tem assinatura singular.
Nascido e criado no berço dourado da MPB, por ter sido filho de João Araújo (1935 – 2013), diretor da então importante gravadora Som Livre, Cazuza ergueu pontes imaginárias entre o rock, o amargurado samba-canção de Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974) e a fossa que embalou a música de Maysa (1936 – 1977), cantora e compositora de personalidade tão exagerada quanto a deste roqueiro rebelde com causa.
Quando sentenciou que “O banheiro é a igreja de todos os bêbados”, em verso lapidar do blues Down em mim (1982), Cazuza ecoou com modernidade o discurso desses mestres da dor-de-cotovelo ao mesmo tempo em que evocou Down on me, música da década de 1920 que reverberou no canto de Janis Joplin (1943 – 1970), outro ícone da turma dos exagerados, dos que foram com sede ao pote da vida.
Na alegria dos prazeres carnais ou na tristeza das dores de amor, Cazuza foi fundo, como se fosse um poeta beatnik a vagar pelos bares do boêmio Baixo Leblon à procura de um algum sentido na vida louca vida.
Cazuza pode ter pecado por excessos, nunca pela falta, rimando poesia com rebeldia na velocidade dos que entendem que o tempo não para. Não, o tempo nunca para e, no entanto, Cazuza nunca envelhece. A sucessão de boas novas – que culminará em 2026 com a justa homenagem do Prêmio da Música Brasileira – coroa a vida eterna do poeta.
Publicar comentário