Rio Grande do Norte
21 horas ago
Vídeo mostra momento em que administradora morta em comunidade em Natal é atingida por tiro
Bárbara Nascimento foi morta no dia 12 de abril na frente de casa, no Passo da Pátria. Um policial militar foi preso temporariamente suspeito de ser autor do disparo. Novas imagens mostram momento em que administradora é atingida por tiro em Natal
Novas imagens obtidas pela Inter TV Cabugi nesta quinta-feira (1º) mostram o momento em que a administradora Bárbara Kelly, de 34 anos, morta durante uma operação policial na comunidade Passo da Pátria, na Zona Leste de Natal, foi atingida por um tiro de fuzil. (Veja reportagem acima).
Um policial militar foi preso temporariamente nesta quarta-feira (30) pela morte da administradora. Segundo as investigações da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o PM detido foi quem disparou um tiro que atingiu a vítima. A investigação apontou ainda que não houve confronto com criminosos.
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Bárbara Kelly foi morta no início da noite do dia 12 de abril durante uma operação da Polícia Militar na comunidade.
Nas imagens, a administradora de empresas aparece sentada na frente de casa, ao lado de outras pessoas, quando foi atingida pelo disparo. As imagens mostram ainda a rua com crianças brincando.
As imagens obtidas pela Inter TV Cabugi mostram:
Às 18h39: Três homens passam correndo pela rua onde Bárbara morava. A investigação aponta que eles estavam fugindo da abordagem policial. No mapa, que consta na investigação, a polícia identificou que eles correram na Rua Joaquim Alves em direção à Travessa Xanana.
Às 18h39: Poucos segundos depois da passagem dos homens correndo, a imagem mostra Bárbara Kelly atingida pelo tiro de fuzil. Poucos segundos depois, Bárbara cai na porta de casa. O tiro entrou pelo braço, atingiu o pulmão e saiu pelas costas.
Às 18h45: É possível ver o momento em que os policiais conduzem um homem preso, um dos 3 que havia corrido poucos minutos antes no sentido oposto. O preso tem 23 anos e usa tornozeleira eletrônica.
Imagem mostra policiais com suspeito detido na comunidade
Divulgação
Processo judicial
O processo judicial ao qual a Inter TV Cabugi teve acesso mostrou o inquérito policial e outros detalhes do caso.
No processo está o material apreendido com os policiais militares, entre eles o fuzil de onde teria partido o tiro que atingiu a administradora Bárbara Kelly, um carregador e munições.
O inquérito também apresentou fotos da perícia feita na casa da vítima e na calçada onde Bárbara foi morta (veja uma imagem abaixo).
O processo também mostrou o suspeito preso e o material apreendido com ele: uma balança de precisão, dinheiro trocado, um celular e porções de cocaína, crack e maconha. Não havia, no entanto, nenhuma arma apreendida com o suspeito.
Moradores da comunidade, desde que ocorreu o caso, defendem que não houve confronto entre policiais e suspeitos na comunidade, e que apenas a polícia teria atirado.
Perícia na frente da casa de Bárbara
Divulgação
Policial preso suspeito do tiro
Um policial militar foi preso na quarta (30) suspeito de envolvimento na morte da administradora Bárbara Kelly Araújo Nascimento, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte.
O militar era um dos quatro servidores lotados no 1º Batalhão da PM que estavam afastados das funções operacionais desde o caso. Ele foi alvo de um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça.
Segundo as investigações da DHPP, o militar foi quem disparou um tiro de fuzil que atingiu a vítima.
Segundo a polícia, a ação inicialmente se deu de forma regular, e consistia em uma incursão realizada pelos quatro agentes da Polícia Militar na comunidade.
“Contudo, segundo a investigação da DHPP, durante o andamento da operação ficou constatado e excesso injustificado por parte de um dos agentes, que efetuou disparos de fuzil em via pública, sem qualquer respaldo legal ou indício de confronto armado”, informou a Sesed.
De acordo com a polícia, a coleta de depoimentos de testemunhas, laudos periciais e imagens de câmeras de vigilância permitiram a individualização das condutas dos envolvidos. Além disso, os investigadores apontaram que indivíduos que corriam pela via pública no momento do disparo não portavam armas.
Segundo a Sesed, a Polícia Militar também prossegue com o Inquérito Policial Mlitar já instaurado, que apura a conduta dos demais policiais envolvidos na ocorrência.
“A Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) reafirma seu compromisso com a transparência, legalidade e apuração rigorosa de qualquer violação aos direitos humanos, especialmente em ações que envolvam agentes públicos do Estado do Rio Grande do Norte”, informou a pasta.
Investigações
Bárbara foi atingida na porta de casa, onde estava sentada junto com a filha de 4 anos e outros familiares. Moradores da comunidade e familiares da vítima alegam que o tiro que matou Bárbara foi disparado durante uma operação policial e que não havia troca de tiros na comunidade.
Ainda no domingo (13), horas após o acontecimento, a Sesed determinou “apuração dos fatos”, que, segundo explicou em nota, incluia “os procedimentos policiais realizados na localidade, assim como a morte de uma moradora da comunidade”.
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Veja abaixo o vídeo do desabafo do irmão de Bárbara duante o enterro.
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Quatro armas utilizadas na operação policial no Passo da Pátria foram recolhidas para realização de perícia balística. Foram abertos um inquérito policial miliar e um inquérito criminal para apuração dos fatos.
Protesto após a morte de Bárbara
Os moradores do Passo da Pátria fizeram um protesto na mesma noite da morte da administradora. Eles colocaram fogo nas entradas do Passo da Pátria, fechando as vias de acesso, principalmente a Avenida do Contorno, na noite de sábado.
A vítima morreu na frente da própria casa, pouco depois de chegar do trabalho, por volta das 18h, contou o irmão dela, José Fabrício de Araújo.
“Ela chegou, entrou na casa, ficou lá na frente descansando junto com a filha dela, que estava do lado na hora do acidente, com a cunhada dela, a irmã do esposo…Estavam todos lá sentados na calçada dela e fazia pouco tempo que elas tinham sentado, quando de repente ela escutou já os fogos e os tiros”.
Bárbara chegou a ser socorrida por parentes e amigos e levada ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, mas não resistiu. O irmão disse que não houve confronto, e que os policiais já chegaram atirando.
“A população todinha lá está de testemunha que não houve confronto nenhum. Eles entraram na comunidade, viram alguma coisa lá e saíram atirando numa rua cheia de criança em plena 6 horas da noite, com todas as crianças brincando na rua”, disse.
Administradora de empresas, Bárbara era casada há 14 anos e deixou ainda uma filha de 4 anos de idade. José Fabrício disse ainda que os policiais não prestaram o socorro à vítima.
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Foto 1: Cedida | Foto 2: Reprodução/Redes sociais
Passo da Pátria: Moradores colocaram fogo nas vias de acesso à comunidade
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